No Brasil, dados do IBGE de 2010 apontam que mais de 45 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência – motora, visual, auditiva, intelectual ou mental –, dessas, 6 milhões têm baixa visão, e mais de 580 mil são incapazes de enxergar.
Segundo consideração da Organização Mundial de Saúde (OMS), é considerado deficiente visual quem é privado em parte ou totalmente da capacidade de ver. A avaliação deve ser realizada com a correção óptica necessária – miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia – com uso de óculos ou lentes de contato.
Já a baixa visão é definida como o comprometimento do funcionamento dos olhos mas este indivíduo ainda assim é capaz de realizar tarefas usando a visão, de forma planejada.
Uma pessoa que tem visão subnormal apresenta 20%, ou menos, do que é chamado de visão normal. O problema pode existir conjuntamente com uma alteração de campo visual, quando a visão parece estar acontecendo dentro de um tubo (ausência ou diminuição da visão periférica) ou com uma mancha escura no centro da visão (ausência ou diminuição da visão central).
A Sociedade Brasileira de Visão Subnormal divulgou que 70% a 80% das crianças com diagnóstico de cegueira têm alguma visão útil. Informações da OMS mostram que em países em desenvolvimento a prevalência de cegueira infantil é de 1 a 1,5 para cada mil crianças. A predominância da visão subnormal é três vezes maior.
As causas mais comuns da visão subnormal em crianças são congênitas (desde o nascimento), como casos de coriorretinite macular (inflamação da retina e da coroide) por toxoplasmose, catarata congênita, glaucoma congênito, atrofia congênita de Leber etc. A prematuridade também pode gerar deficiência visual e desencadear visão subnormal.
O diabetes, descolamento de retina, glaucoma, catarata, traumas oculares e degeneração senil de mácula (envelhecimento da retina) são outras causas da baixa visão. A visão subnormal ou baixa visão tem maior incidência em
idosos, mas pode ocorrer em qualquer idade.
Esses pacientes podem ter a visão residual desenvolvida com tratamento e acompanhamento por profissionais capacitados. As possibilidades de integração social, intelectual e a liberdade de ação serão ampliadas, com auxílio de um especialista e mecanismos adequados.
Os auxílios ópticos e não ópticos mais utilizados no tratamento da baixa visão são adaptados para ampliar a imagem em tarefas para perto como: leitura, costura e escrita. São lentes montadas em lupas manuais ou de apoio, óculos esferoprismáticos, esféricos, asféricos, lupas eletrônicas, adaptação à tela do computador etc.
O objetivo do tratamento é melhorar a qualidade de vida do paciente e dar a ele mais autonomia para suas atividades cotidianas e profissionais usando a visão residual. O oftalmologista é o profissional indicado para diagnosticar e tratar o paciente com baixa visão. Com ele, é importante a atuação de profissionais de diferentes áreas para que o paciente seja reabilitado e incluído na sociedade e no mercado de trabalho por meio da
capacitação e do acesso aos recursos necessários para a atividade profissional deste indivíduo.
Fonte: CBO em revista, Veja Bem | 13 | ano 05 | 2017. Disponível em https://www.cbo.net.br/novo/publicacoes/revista_vejabem_13.pdf