Além dos fatores genéticos e das doenças já comentadas anteriormente, o uso de algumas medicações também pode levar ao desenvolvimento do glaucoma em crianças e adultos.
Os corticoides são anti-inflamatórios utilizados no tratamento de muitas doenças (respiratórias – asma, rinite, sinusite – dermatológicas, renais, reumatológicas e oftalmológicas). Alguns exemplos dessa classe de medicamentos são: prednisona, dexametasona, fluormetolona, prednisolona e betametasona. Eles podem ser prescritos na forma de comprimidos, sprays, pomadas ou colírios.
Em algumas pessoas, os corticoides provocam o aumento da pressão intraocular (PIO) e, quando esse efeito não é percebido com o tempo, o glaucoma pode se desenvolver. Quando usados na forma de colírios, esses medicamentos são mais propensos a levar ao aumento da PIO, porém com qualquer forma de apresentação pode haver risco.
O aumento da PIO ocorre porque os corticoides promovem alterações no trabeculado (o “ralinho” do olho). Isso cria uma resistência ao escoamento do líquido interno do olho, que vai se acumulando, levando ao aumento da pressão intraocular assim como numa bexiga que enchemos com água.
Alguns estudos mostraram que essa resposta ao uso dessas drogas em crianças foi mais significativa que em adultos. Além disso, o glaucoma tende a ser mais grave, ter uma progressão mais rápida e de início mais precoce na faixa pediátrica. Quando ocorre em crianças menores de três anos, pode inclusive simular o glaucoma congênito primário, com alterações na córnea e aumento do tamanho do globo ocular. Dessa forma, os pais devem saber informar durante as consultas quais medicações usadas pela criança anteriormente. Também é importante ressaltar que receitas de corticoides tópicos prescritos pelo médico oftalmologista devem sempre ser seguidas à risca, evitando a automedicação.
Portanto, fique atento às medicações prescritas ao seu filho. E, em caso de uso de corticoides de forma repetida ou por um período de tempo prolongado, procure um oftalmologista!